CAPITULO VIII
Eu tinha mais ou menos
uns 11 ou 12 anos, e estava começando a entrar naquela fase que tudo muda, tudo
começa a pesar mais e o mundo começa a se abrir a nossa frente.Precisava
entender o que acontecia de fato com meus pais, pois pra mim ele era um sonho,
e aonde íamos nos divertíamos e quando chegava em casa, tínhamos um inferno pra
enfrentar com suas brigas com minha mãe . Eu já não conseguia viver com aquelas
duas situações completamente opostas, em que uma me fazia ser muito feliz e a
outra, me causava dor, medo, pânico e muito sofrimento. Ele tinha que me
explicar aquilo, pois era com ele que eu mais vivia e curtia, e era dele que eu
tinha orgulho e admiração.Ele era meu ídolo e não podia fazer aquilo,
principalmente com minha mãe. Por que, eu disse, por que, eu precisava saber e
só ele poderia me responder. Por que pai, por que, eu indaguei...
Mas não houve resposta
pra essa minha duvida, e em lugar de palavras que eu precisava e esperava,
houve apenas um denso e demorado silencio. Era um silencio que me dava medo, me
deixou sem chão e com mais duvidas ainda. Estávamos no carro indo ou voltando
de algum desses lugares que íamos sempre juntos, só eu e ele, mas ele não me
respondeu e eu tive medo de persistir na minha pergunta, pois ele ficou calado
e mudou sua fisionomia seriamente, eu não pude persistir, eu não podia, eu tive
medo. A única coisa que posso me lembrar desse dia em diante, foi que no dia seguinte,
meu pai saiu como sempre saia e ia aos bares ou em algum sitio, e sempre me
levava junto dele, ele me acordava e íamos juntos...naquele dia isso não
aconteceu...eu acordei e meu pai já não mais estava em casa e a primeira coisa
que fiz foi perguntar a minha mãe onde ele estava, ela me disse que já tinha
saído...mas como sem mim? Por que ele não me chamou??? Não sei...foi a resposta
de minha mãe. De fato ela não sabia, e nem eu...
Os dias passaram e meu
pai não mais me chamou e nem me permitiu ir com ele a lugar nenhum mais, e eu
perguntava por que, mas ele dizia que eu não podia ir lá, ou aqui, sempre tinha
uma desculpa, e eu fui ficando pra traz e não mais tive a presença de meu pai e
ele a minha, pois ele não mais me levou com ele. Quando não eu acordava e ele
já tinha saído...isso me deixou muito triste e pensando e pensando, vi que foi
depois que eu perguntei a ele sobre as brigas com minha mãe. Ele não gostou
daquilo que fiz e não mais me quis ao seu lado. E me abandonou...eu perdi meu
pai nesse dia, e ele me perdera por quase toda uma vida!
Penso; “Meu Pai Não Me
Ama Mais...".
Por isso, eu não o amo mais...”